A vida no núcleo urbano de Chapada dos Guimarães tem como principal centro de atração a Praça Dom Wunibaldo, e ali, sem dúvidas, a Igreja Nossa Senhora de Sant’ Ana reina absoluta.
A Igreja do século XVIII é uma das mais antigas deste Estado, possuindo uma arquitetura barroca requintada. Este projeto afirma a tradição e a estratégia religiosa católica de ocupar os principais espaços das vilas que se formavam no vasto território ocupado.
O espaço da igreja e seu entorno foi concebido para receber as festas religiosas e pagãs, caminhadas, cavalgadas, procissões e demais eventos cívicos da cidade. Edificada em 1779, a igreja já passou por diversas reformas e inclusive desmoronamentos, mas se mantém.
O mais significativo é que não é um espaço morto – apenas registrados nos livros de história e tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN) – é um espaço com vida, onde missas são celebradas, encontros de amigos acontecem, turistas tiram fotos, festas se realizam: o espaço da igreja é vivo.
A população da cidade tem orgulho da sua Igreja, a frequenta e mantém a tradição da festa da padroeira e outras. Com essa ocupação, a edificação ganha muito em importância e significado. Contribui para isso, sem dúvida alguma, a bela arquitetura que contrasta o interior bem trabalhado com todas as características barrocas e seu exterior simples. O contraste era uma das intenções dos artistas deste estilo. Mesmo com mão de obra não especializada (indígena), a doutrina cristã e seus fiéis seguidores conseguiram atingir um alto padrão de qualidade nos ornamentos de balaústres, pilares, adornos e do altares.
A Igreja é tombada desde os anos 50 do século XX pelo IPHAN e está em ótimo estado de conservação, vale uma ou mais visitas ao passar por Chapada.
Texto por Guilherme Almeida – Professor de Arquitetura e Urbanismo e Mestre em Geografia. Para ele, todo lugar mereçe uma visita.